No fim dos anos 90, a internet
passou a ser reconhecida pelo mundo como um meio de comunicação sem fronteiras,
eficiente e que poderia gerar enormes vantagens competitivas e abrir muitas
oportunidade para as empresas. Que a internet é formidável, não há dúvidas; o
problema que ocorreu nesta época foi a supervalorização deste meio de
comunicação, gerando uma falsa idéia de que o mesmo seria um instrumento que
poderia gerar uma quantidade de lucros ilimitada.
Por volta de 1999 começou, de fato, a migração das empresas
para o âmbito virtual. Na época, as pessoas acreditavam que o fato de uma
empresa ter um website, além de significar status e criar uma imagem mais
moderna da mesma, era um passo revolucionário para o novo milênio. Assim,
empresas, ONGs e outros tipos de organizações passaram a ter seus próprios espaços
na grande rede.
Os recursos que eram destinados a outros setores foram
redirecionados para o desenvolvimento de softwares, ferramentas e websites na
internet. A questão do e-comerce trazia a imagem de um futuro de lucros
absurdos. Um dos maiores símbolos desta febre foi a criação da Nasdaq, uma nova
bolsa de valores voltada exclusivamente para a área de tecnologia. Também
podemos citar a criação de grandes corporações, como no caso da reunião da
America On Line (AOL) e Time-Warner, uma óbvia consequência do momento. Com tudo
isso, os preços das ações das empresas “pontocom” explodiram positivamente.
Alguma hora a "bolha" iria estourar. Quando o mundo
viu que a internet não era essa fonte ilimitada de lucros e que suas projeções
estavam totalmente equivocadas, o preço das ações de empresas que atuavam na
internet, que subia constantemente, passou a cair em queda livre, provocando a
falência de inúmeras corporações.
Embora o estouro da "bolha" tenha abalado o mercado
da internet, grandes empresas, como Google e Yahoo, sobreviveram. Além disso,
as organizações que resistiram a tal período souberam tirar proveito da
situação, e com os recursos que arrecadaram nos momentos pré-bolha, mesmo
diminuídos após a fase crítica, criaram produtos e serviços eficientes a ponto
de as colocarem em posições de liderança.
Embora o fenômeno tenha sido sinônimo de prejuízo, a
"bolha" dos anos 2000 foi importante para fazer com que a internet
tomasse, nos anos seguintes, grande proporções, e de uma forma bem mais sólida.
Em 1995, havia cerca de 16 milhões de pessoas on-line. Hoje são 957 milhões de
internautas em todo o mundo.
Muitos críticos afirmam que estamos próximos de um estouro de
uma nova "bolha". É o caso da chamada Web 2.0, baseada na
inteligência coletiva. Um caso que recebe bastante atenção dos especialistas é
o Facebook, um dos inúmeros sites de relacionamento presentes na rede. Em
outubro de 2007, a Microsoft desembolsou US$ 240 milhões por uma participação
de 1,6% no site, o que dá a um simples website um valor de mercado de cerca de
US$ 15 bilhões, uma vez e meia o valor de mercado da Embraer, a terceira maior
fábrica de aviões do mundo!
Realmente, os sintomas são parecidos aos que ocorreram no
início do milênio: imensa onda de especulação, empresas sem modelos de negócio
com amplo valor de mercado e extravagância nas negociações financeiras. Resta
saber se essa nova "bolha" irá, de fato, estourar. É bom prever para
minimizar os prejuízos.
Por Tiago Dantasa